16.3.10

Vem aí em 2012 a Super Internet

Só 10 por cento dos endereços IP estavam livres para registro no começo do ano.
A explosão dos celulares e o uso maciço da rede pelo mundo esgotaram os endereços IP.

Um novo protocolo – Ipv6 – foi desenhado para substituir a versão IPv4, a mais usada hoje.

O IPv6 já é usado na China, no Japão e na Índia. Estamos numa fase de transição, e a desigualdade digital entre países ricos e pobres vai aumentar. A primeira reunião do grupo Ipv6 da União Internacional de Comunicações (IUT) aconteceu em Genebra, dia 16 de março.

Uma IP (Protocolo Internet) é um endereço numérico indispensável para acesso à internet. “É um código de entrada. A cada computador se atribui um único endereço IP”, explica à swissinfo Rosa Delgado, vice-presidente da Internet Society (ISOC) da Suíça.

- Em 1975 foi criada a internet e começou o registro de enormes quantidades de endereços para governos e empresas. A internet se popularizou cada vez mais. Nos anos 90 ficou claro que o protocolo IPv4 não era suficiente. Na mesma década também foram criados os domínios .com, .net e .org. A internet cresceu muito rápido”, diz Rosa Delgado.

A partir de 2000 o mundo pedia endereços IPv4, principalmente China, Índia, Brasil Até aí os Estados Unidos eram os maiores consumidores de endereços IP. No entanto, não se levava em conta a explosão da telefonia móvel. “Os países citados deixaram de ser emergentes. A China já tem agora o maior número de usuários de internet”, revelou Rosa Delgado.

História do IPv6

A Internet Engineering Task Force (IETF) promoveu em 1995 o novo protocolo de internet IPv6. “Uma nova solução que os Estados Unidos e os países desenvolvidos não queriam e não necessitavam. Os Estados Unidos frearam a implantação do IPv6. Seu alto custo também era uma dificuldade adicional. China e Índia começaram a utilizá-lo e em 2000 foi adotado pelo Japão, que começa a migrar seus sistemas com apoio da China e da Índia. Na Ásia, começam a migração para o IPv6 por conta própria”, analisa a especialista.

Um pouco depois, entre 2004 e 2006, os Estados Unidos e a Europa se abrem ao novo protocolo. Em 2008, o governo norte-americano decide migrar para o IPv6. Todas a administração e as empresas estatais já trabalham com essa nova versão de internet. “Inclusive as entidades públicas dos Estados Unidos têm que justificar o uso do antigo protocolo IPv4. Isso obrigou todas as empresas a passarem para o IPv6 para poderem se comunicar com o governo”, explica Delgado.

Na Europa, cada país toma sua decisão. A Espanha instalou o IPv6 em 2002 em uma rede de universidades. A União Europeia (UE) queria estimular o novo protocolo através de incentivos econômicos, mas não pode obrigar os Estados Unidos a generalizar a inovação. Para complicar, tudo está nas mãos das grandes operadoras de telecomunicações, que não querem investir na ausência de clientes potenciais.

Até 2004, a maior parte dos endereços em IPv6 estava na Ásia. Os Estados Unidos começam a recuperar o terreno perdido. Na América do Sul, Brasil, México e Argentina marcam pontos com o novo protocolo. Em 2005, foi criada na China a maior rede do país para conectar as universidades nacionais. Uma rede dessas dimensões não teria sido possível com o IPv4, pela grande quantidade de endereços IP que o projeto pedia, aponta Rosa Delgado.

Fosso digital aumentará

Atualmente se esta em fase de transição mundial para o IPv6. Essa fase começou em 2000 e vai se prolongar por quinze anos, mesmo que ainda não seja palpável. É como a passagem da telefonia fixa para a telefonia móvel.
O IPv6 tem melhor infraestrutura, facilita o acesso a celulares e novas aplicações, além de ser mais seguro.

O IPv6 permite um volume de números muito maior do que o atual. Por outro lado, a versão IPv4 está muito mais limitada e permite um acesso menor aos novos serviços. “As novas aplicações já são desenvolvidas para o novo protocolo, para redes peer-to-peer (P2P), que funcionam sem servidores fixos. Por isso é preferível acabar com os antigos sistemas, pois seria muito caro adaptá-los à nova infraestrutura mundial”, avalia.

Essa migração levará mais tempo nos países desenvolvidos e eles estarão desconectados de internet por algum tempo. Os novos sistemas pensados para o IPv4 exigem grandes investimentos em infraestrutura. Por que não fazê-lo com o novo protocolo, pergunta Rosa Delgado.

Os países em vias de desenvolvimento podem ficar fora dessa mudança, como já ocorre com a conexão internet. Como não dispõem de capacidades técnicas, o fosso digital será ainda maior. “É preciso pensar no que se pode fazer para reduzir esse fosso.”

Características do IPv6

- Permite maior espaço de direcionamento, segurança, autoconfiguração e mobilidade.
- Infraestrutura de endereços de maneira mais eficaz e hierarquizada.
- Mobilidade
- Segurança Integrada
- Capacidade de ampliação
- Qualidade de serviço
- Velocidade

Na década de 70 os autores do protocolo versão IPv4 se basearam num sistema de 32 bits que podia gerar mais de 4,2 trilhões de endereços. Isso não cobre a atual demanda. No IPv6, os endereços passam de 32 para 128 bits. Especialistas prevêem que os endereços IPv4 ainda não registrados acabam até 2012. IPv4 e IPv6 são incompatíveis. As páginas web visíveis numa versão não aparecem na outra.

Pesquisa, copy e edição – Flavio Deckes

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